terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A DANÇA DOS SONHOS POEMAS & REFLEXÕES PARTE III




ASSIM CAMINHAM OS ELEFANTES

Um fato curioso sobre os elefantes: para sobreviver, eles não podem cair. Todo animal pode tropeçar e se levantar novamente. Mas o elefante deve ficar de pé, até para dormir. Se um elefante da manada escorrega e cai, não poderá ser reerguido. Ele ficará no chão, refém de seu próprio peso. Embora os outros o observem consternados e tentem reerguê-lo, nada poderão fazer. Respirando devagar, o elefante caído acaba por falecer. Os outros ficam em torno dele por algum tempo, em vigília, depois, pouco a pouco, vão se afastando. Foi o que aprendi ao ler sobre a natureza, mas me pergunto se isso está certo. Haverá outra razão por que os elefantes não podem cair? Talvez tenham escolhido que seja assim. Não cair é a sua missão. Como o mais sábio e paciente dos animais, fizeram um pacto – imagino que há muitas e muitas eras, no final da Idade do Gelo. Movendo-se em grandes manadas sobre a Terra, os elefantes viram os homenzinhos escondidos na selva, com lanças de pedra lascada.

 “Que ódio e medo sentem essas criatura”, pensaram os elefantes. “Mas eles herdarão a Terra. Somos sábios o suficiente para perceber isso. Vamos dar-lhe o nosso exemplo.”

Então, os elefantes refletiram: que exemplo poderiam dar aos homens? Poderiam demonstrar seu poder, o que seria autêntico. Poderiam demonstrar raiva, arrasando florestas inteiras, ou poderiam dominar o homem pelo medo, destruindo suas cabanas e plantações.  
Quando se sentem frustrados, os elefantes se enfurecem e podem fazer tudo isso, mas, por viver em grupo, pensaram e entenderam que seria mais útil ao homem aprender de forma gentil.

- Vamos mostrar a eles nosso respeito pela vida - disseram.
E, a partir desse dia, os elefantes se tornaram silenciosos, pacientes e pacíficos. Aceitam ser montados e subjugados. Deixam que as crianças riam de seus truques no circo, longe das extensas planícies da África, onde reinavam como senhores.
Mas a lição mais importante dos elefantes está em se moverem, pois sabem que a vida é um constante movimento. A cada manhã, a cada era, as manadas caminham, grandes massas vivas que nunca tombam, uma força de paz incoercível.

Inocentes, nem desconfiam que mais tarde serão abatidos, aos milhares, com apenas um tiro. Cairão, mutilados, graças à nossa vergonhosa ganância. Os machos tombam primeiro, para terem seus dentes de marfim arrancados.

Depois, tombam as fêmeas, para levarem suas cabeças. Os filhotes correm e urram ao farejar o sangue das mães, mas não adianta fugirem das armas. Silenciosos, sem ninguém para olhar por eles, também morrerão, e seus ossos secarão ao sol.

Em meio a tanta morte, os elefantes poderiam simplesmente desistir. Bastaria cair no chão. Apenas isso. Eles não precisam de munição: a natureza lhes deu a dignidade de apenas se deitar e descansar em paz. Mas lembram da antiga promessa que nos fizeram, que permanece sagrada para eles.

Então, os elefantes continuam caminhando e, a cada passo, exclamam estas palavras aos quatro ventos:
- Observe, aprenda, ame. Observe, aprenda, ame...
Conseguem ouvi-los? Um dia, envergonhados, os fantasmas de dez senhores das planícies dirão:
- Nós não os odiamos. Não percebem? Aceitamos a queda, para que vocês, tão pequenos e amados, não caiam também.
 
O MENINO E A ALMOFADA 

Um pai muito sábio queria que seu filho mais jovem aprendesse uma lição
- Eis uma almofada de seda bordada, feita com as mais raras penas de ganso de toda a Terra – ele disse. – Vá à cidade e veja por quanto consegue vendê-la.
- Primeiro, o rapaz foi ao vilarejo, onde encontrou um rico mercador de plumas.
- Quanto me dás por esta almofada? - perguntou.

O mercador espremeu os olhos.
- Dou cinqüenta ducados de ouro por ela, pois vejo que tens um verdadeiro tesouro.
O rapaz agradeceu e continuou seu caminho. Em seguida, viu uma fazendeira descascando legumes à beira da estrada.
- Quanto me dás por esta almofada? - perguntou.
Ela a tocou e exclamou:
- Como é macia! Dou-te uma moeda de prata, pois adoraria deitar minha cabeça cansada numa almofada como esta!
- O rapaz agradeceu à mulher e seguiu em frente. Finalmente, viu uma jovem camponesa lavando as escadas de uma igreja.
- Quanto me dás por esta almofada? - perguntou.
Ela lhe lançou um olhar curioso, sorrio de soslaio, e respondeu:
- Te darei um centavo, pois vejo que tua almofada é dura comparada a estes degraus de pedras.
Sem hesitar, o rapaz colocou a almofada a seus pés. 

Ao chegar em casa, ele disse ao pai:
- Consegui o melhor preço pela tua almofada.
E mostrou-lhe o centavo.
- O quê? – exclamou o pai. – Essa almofada valia pelo menos cem ducados de ouro!
- Foi o que avaliou o rico mercador – respondeu o jovem, - mas sendo ganancioso, ofereceu-me cinqüenta. Mas consegui uma oferta melhor do que essa. A mulher de um fazendeiro me ofereceu uma moeda de prata por ela.
- Você enlouqueceu? – perguntou o pai. - Quando uma moeda de prata vale mais do que cinqüenta ducados de ouro?
- Quando é oferecido com amor – o rapaz respondeu. - Se tivesse me oferecido mais, não poderia alimentar seus filhos. Porém consegui uma oferta ainda melhor que esta. Encontrei uma camponesa lavando as escadas de uma igreja, que me ofereceu este centavo.
- Você enlouqueceu de vez! - disse o pai, meneando a cabeça. - Quando um centavo vale mais que uma moeda de prata?
- Quando é oferecido com devoção - o rapaz respondeu. – Pois ela estava servindo ao seu Deus e, para ela, os degraus da Sua casa eram mais macios do que qualquer almofada. Mesmo sendo a mais pobre de todas as criaturas, ainda encontra tempo para dedicar a Deus. E, por este motivo, dei-lhe a almofada.
Ao ouvir isso, o sábio pai sorriu, abraçou o filho e, com os olhos marejados, murmurou:
- Aprendeste bem a lição!
 
CHEGA POR HOJE

Os ensaios podem terminar depois da meia-noite, mas, desta vez, parei às dez.
- Espero que não se importem - eu disse, olhando para cima - mas chega por hoje.
Uma voz, de dentro da sala de controle, perguntou:
- Você está bem?
- Creio que estou um pouco cansado - respondi.

Passei pelas coxias e cheguei até o corredor. Ouvi passos apressados vindo atrás de mim. Eu sabia de quem eram.
- Conheço você - ela disse, ao se aproximar. – Qual é o problema?

Eu hesitei.
- Bem, não sei explicar, mas hoje vi uma foto no jornal. Um golfinho morreu preso numa rede de pesca. Da forma como o corpo estava emaranhado, percebi seu sofrimento. O olhar estava vago, embora se entrevisse o sorriso que os golfinhos sempre têm, até quando morrem...
Minha voz embargou.

Ela pousou a mão suavemente sobre a minha.
- Compreendo...
- Mas, isso não é tudo. Não é apenas o fato de eu estar me sentido triste pela morte de um inocente. Os golfinhos adoram dançar: de todas as criaturas do mar, esta é a sua característica. Sem pedir nada, dançam nas ondas, deixando-nos boquiabertos. Nadam à  frente dos navios, não para chegar antes, mas para nos dizer: “Nascemos para brincar. Mantenham a rota, mas dancem ao longo do caminho.”

Então, pensei, no meio do ensaio: “Estão matando a dança.” E me pareceu que eu deveria parar. Não posso evitar que a sua dança seja extinta, mas, pelo menos, como dançarino, posso parar em respeito a ele. Isso faz sentido para você?

Ela me olhou com carinho.
- Claro que sim. Provavelmente, ainda levará muito tempo até que se encontre uma solução para este problema. Há vários interesses em jogo. Mas é frustrante esperar que tudo só melhore no futuro. Seu coração quer uma resposta agora.

- Sim – respondi, abrindo a porta para ela. – Apenas tive esta sensação e, por isso, eu disse: chega por hoje. 
 
AS MARCAS DOS ANCESTRAIS
 
Ele sempre viveu no deserto, mas, para mim, tudo era novidade.
- Vê aquela pegada na areia? - ele perguntou, apontando para um lugar junto à escarpa.
Observei com atenção.
 - Não, não estou vendo nada.
- É justamente isso - ele riu. - Onde não vemos pegadas, por ali caminharam os nossos ancestrais.
Andamos mais um pouco, e ele apontou para uma senda no alto da montanha de arenito.
- Vê aquela casa lá em cima? – ele perguntou.
Contraí os olhos com força.
- Não vejo nada.
- Você aprende depressa – ele disse, sorrindo. - Onde não se vê telhados nem chaminés, é onde nossos ancestrais viveram.
Fizemos uma curva e surgiu uma paisagem deslumbrante de milhares e milhares de flores do deserto.
- Percebe se está faltando alguma? - ele perguntou.
- Balancei negativamente a cabeça.
- Apenas vejo uma onda de beleza.
- Sim - ele respondeu baixinho. - Onde não falta nada, nossos ancestrais colheram em abundância.
Pensei muito sobre tudo isso, como tantas gerações viveram em harmonia com a Terra, sem deixar marcas nos lugares onde viveram. No acampamento, aquela noite, eu disse:
- Você esqueceu uma coisa.
- O quê? - ele perguntou.
- Onde estão enterrados os nossos ancestrais?
Sem responder, ele mexeu na fogueira com um graveto. Uma labareda se levantou e desapareceu no ar. Meu mestre me perguntou com o olhar se eu entendera. Permaneci imóvel, e meu silêncio mostrou-lhe que eu havia compreendido a lição. 
 
CURE O MUNDO

Há um lugar no coração
Onde vive o amor
Que pode conter mais luz
Do que a manhã
E se, de fato, tentarmos
Descobriremos que não precisamos chorar
Não há dor nem tristeza neste lugar

É fácil chegar lá
Se a vida é importante pra você
Dê uma chance
Crie um lugar melhor
Cure o mundo
Torne-o um lugar melhor
Pra mim, pra você
E toda a humanidade

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você

Se quiser saber por quê
Há um amor verdadeiro
É forte, sua única alegria é se dar
Se tentarmos, veremos
Que nessa felicidade não há
Medo nem temor
Deixamos de existir e começamos a viver
Então parece que basta apenas
O amor para fazer-nos crescer
Torne o mundo um lugar melhor
Torne o mundo um lugar melhor

Cure o mundo
Torne-o um lugar melhor
Pra mim, pra você
E toda a humanidade

As pessoas estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você

E o sonho em que fomos concebidos
Revelará a sua alegria
E o mundo em que um dia acreditamos
Brilhará novamente com toda a sua graça

Então por que continuar a matar a vida
Ferir a Terra, crucificar sua alma
Embora seja claro
Este mundo é celeste
Podemos ser a graça de Deus
Podemos voar tão alto
E nosso espírito nunca morreria

Em meu coração sinto que todos são irmãos
Criem um mundo sem medo
Juntos, choraremos felizes
E os povos transformarão espadas em ancinhos
Podemos conseguir tudo isso
Se nos importamos com a vida
Deem uma chance
De criar um lugar melhor
Cure o mundo
Torne-o um lugar melhor
Pra mim, pra você
E toda a humanidade

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você
Cure o mundo
Torne-o um lugar melhor
Pra mim, pra você
E toda a humanidade

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você

Cure o mundo
Torne-o um lugar melhor
Pra mim, pra você
E toda a humanidade

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você

Há pessoas que estão morrendo
Se a vida é importante pra você
Torne-o um lugar melhor
Pra mim e pra você
Pra mim e pra você
Pra mim e pra você
Pra mim e pra você
Pra mim e pra você
Pra você e pra mim
Pra você e pra mim


CRIANÇAS

As crianças me mostram, com seu sorriso maroto, o ser divino que habita em nós. Essa bondade vem direto do coração. Isso nos ensina muito.

Se uma criança quer um sorvete de chocolate, ela apenas o pede. Os adultos complicam tudo sem precisar, sem saber se devem tomar o sorvete ou não. Uma criança o desfruta.

O que precisamos aprender com as crianças não é algo infantil. Estar com elas nos conecta com a imensa sabedoria vital, e nos pede apenas que a vivamos. Neste momento, quando o mundo está confuso, passando por problemas tão complicados, sinto que precisamos das crianças mais do que nunca.

Sua sabedoria natural aponta o caminho para soluções que só podemos encontrar no coração.

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