quinta-feira, 1 de março de 2012

A DANÇA DOS SONHOS POEMAS & REFLEXÕES PARTE IV




MÃE 

Por várias eras fui gestado
Hesitando assumir uma forma
Do irrevelado esta concepção cósmica
Para ser recebido na Terra de um modo maravilhoso
E então, uma manhã de agosto
Nasci de teu ser
Com amor e carinho acalentaste a semente
De maneira incansável e ininterrupta
Sem medo de qualquer risco ou perigo
Aceitaste este estranho e solitário ser

Arco-íris, nuvens e um céu azul profundo
Pássaros brilhantes voando bem alto
Uniste as minhas partes
Coseste minha alma com os elementos
Querida mãe, me deste a vida
Por tua causa, não houve brigas nem lutas
Me deste alegria e um lar
Cuidaste de mim sem me impor condições
E, se um dia, eu vier a mudar o mundo
Será com as emoções que me ensinaste

Tua compaixão é imensa
Ouço teus profundos sentimentos
Eu posso sentir na sua menor noção
Sinto teus doces pensamentos
O encanto e a magia do teu amor

E agora que vim de tão longe
E conheci reis e czares
Pessoas de todos os credos e cores
Com tantas paixões e desejos
Volto àquela noite estrelada
Sem temer qualquer poder
Me ensinaste a bater o pé e lutar
Por tudo que fosse certo ou errado
Um dia de cada vez
Preservarei o que criaste
Lembrarei de teus beijos
Guardarei tuas palavras
Não importa aonde eu vá,
Sempre estarás em meu coração,
Mãe querida.


MAGIA 

O que penso sobre magia não tem nada a ver com truques e ilusionismos de palco. O mundo está cercado de magia. Quando uma baleia emerge do mar, como uma montanha se erguendo da água, ficamos boquiabertos, pasmos de espanto. Que mágico!

Mas, uma criança ao ver girinos numa poça d’água, tem a mesma emoção. O encanto enche seu coração, pois ela vislumbrou, num instante, a beleza da vida.

Quando vejo nuvens no cume de uma montanha coberta de neve, sinto vontade de exclamar: “Bravo!” A Natureza, a melhor ilusionista, deu-nos outro deslumbramento. Expôs a verdadeira ilusão, a nossa incapacidade de nos assombrar com suas maravilhas.

Toda vez que o sol nasce, a Natureza repete a ordem: “Olhem!” Sua mágica é infinita em sua prodigalidade e, em agradecimento, temos apenas de admirá-la.
Que prazer a Natureza deve sentir quando cria estrelas a partir de nebulosas no meio do vácuo. Lança-as, como purpurina de uma capa de veludo, um bilhão de motivos para acordar palpitando a mais profunda alegria.
Quando abrimos nossos corações e apreciamos tudo o que a Natureza nos dá, ela se sente recompensada. Os aplausos ecoam por todo o Universo, e ela agradece.


 
O PEIXE QUE SENTIA SEDE

Uma noite, um peixinho estava dormindo sob um coral, quando Deus lhe apareceu  em  sonhos:
- Quero que leve uma mensagem a todos os peixes do mar - disse Deus.
- E o que devo dizer a eles?
- Diga-lhes apenas que está com sede – respondeu Deus. - E observe como eles reagem. E, sem dizer outra palavra, Ele desapareceu.
Na manhã seguinte, o peixinho acordou e lembrou-se do sonho.
“Que coisa estranha Deus quer que eu faça”, pensou. Mas, assim que viu um grande atum se aproximando, o peixinho gritou:
- Desculpa, mas eu estou com sede!
- Então, você deve ser um bobo! - o atum respondeu.
Ele agitou a cauda com desdém e se afastou. 
O peixinho se sentiu, de fato, meio bobo, mas ele havia recebido uma ordem. Logo depois, viu um tubarão com dentes afiados. Mantendo distância por segurança, o peixinho exclamou:
- Desculpe, senhor, mas eu estou com sede!
- Então, você deve ser maluco! respondeu o tubarão.
Vendo que o tubarão o encarava com um olhar faminto, o peixinho saiu nadando rapidamente.
O dia todo encontrou bacalhaus, cavalas, peixes-espada e garoupas, mas toda vez que fazia a pergunta, viravam as costas e não lhe davam mais atenção. Sentindo-se cada vez mais confuso, o peixinho procurou a criatura mais sábia do oceano, uma velha baleia azul, que tinha três cicatrizes de arpão num dos costados.
- Desculpe-me, mas eu estou com sede! - berrou o peixinho, sem saber se a velha baleia o veria, de tão pequeno que era. Mas a sábia baleia se deteve:
- Você falou com Deus, não foi? – ela perguntou.
- Como a senhora sabe?
- Porque um dia também senti sede... - riu a velha baleia.
O peixinho se espantou.
- Por favor, me explique o que quer dizer essa mensagem de Deus! – ele lhe implorou. Quer dizer que procuramos por Ele nos lugares errados – explicou a velha baleia. - Procuramos por Deus em toda a parte, mas nunca O encontramos. Então, colocamos a culpa Nele e dizemos que Ele nos abandonou. Ou, então, acreditamos que Ele se foi há muito tempo, se é que um dia Ele existiu.
- Que estranho... - disse o peixinho – não ver o que está por toda a parte.
- Muito estranho - concordou a velha baleia. - Não parecem peixes que dizem que estão com sede?
 
INOCÊNCIA

É fácil confundir inocência com ingenuidade. Todos querem parecer sofisticados e mostrar esperteza. Ser inocente é "estar por fora".    No entanto, há uma grande verdade na inocência. Um bebê observa os olhos de sua mãe e tudo o que ele sente é amor. À medida que perdemos a inocência, coisas mais complicadas tomam conta. Acreditamos que é preciso dominar e nos armar para conseguir o que queremos. Começamos a gastar muita energia para nos sentir protegidos. Então, a vida se torna uma luta. Não há escolha a não ser a esperteza. Senão, como iremos sobreviver?
Ao agir, a sobrevivência depende de se ver tudo como realmente é, e reagir de acordo. Significa estar aberto. E isso é ser inocente. É ser simples e confiar como uma criança, sem julgar, sem estar preso a um mesmo ponto de vista. Se tiver apenas um único padrão mental, a criatividade desaparecerá. Deixará de sentir a magia de cada instante.
Aprenda a ser inocente de novo e jamais perderá a juventude.

CONFIANÇA

Um dia, quando estava alimentando esquilos no parque, notei que um menorzinho não confiava em mim. Enquanto os outros se aproximavam e vinham comer na minha mão, ele ficava me olhando de longe. Joguei um amendoim para ele. Ele se aproximou, agarrou-o nervosamente, e saiu correndo. De outra vez, deve ter sentido mais confiança, pois aproximou-se um pouco mais. À medida que se sentia mais seguro, confiava cada vez mais em mim. Finalmente, sentou bem junto aos meus pés, tão confiante quanto qualquer outro, pedindo mais amendoins.
Confiança é assim – depende de, antes, confiarmos em nós mesmos. Ninguém poderá superar nosso medo; precisamos superá-lo sozinhos. É difícil, pois o medo e a dúvida nos cerceiam. Sentimos medo de ser rejeitados, de nos magoarmos outra vez. Então, mantemos distância, por segurança. Acreditamos estar protegidos ao nos afastar dos outros, mas isto também não dá certo. Faz com que nos sintamos sós, e sem amor.
Acreditar em nós mesmos começa ao reconhecermos que não há mal algum em sentir medo. Isso não é um problema, pois todos sentem ansiedade e insegurança em algum momento. O problema é não admitir o medo. Toda vez que aceito minhas dúvidas e inseguranças, torno-me mais aberto para os outros. Quanto mais me sinto, mais forte me torno, ao descobrir que meu eu verdadeiro é muito maior do que o medo.
Ao nos aceitarmos completamente, a confiança se torna absoluta. Desaparece a separação, pois deixa de existir divisão dentro de nós. Onde havia medo, o amor passa a germinar.

CORAGEM 


É curioso observar aquilo que exige coragem. Quando piso num palco diante de milhares de pessoas, não sinto coragem. É preciso muito mais coragem para expressar sentimentos. Quando penso em coragem, lembro do Leão Covarde de O Mágico de Oz. Ele sempre queria fugir do perigo. Chorava e tremia de medo. Mas também abria o coração para dizer o que sentia àqueles que amava, mesmo quando não gostava de seus sentimento.

É preciso ter muita coragem para falar de si mesmo. Expressar os sentimentos não é o mesmo que chorar na frente de alguém – é ser autêntico e verdadeiro, e ouvir o que o coração diz. Quando temos coragem de abrir o coração, nos conhecemos melhor, e permitimos que vejam como somos. Dá medo, pois nos sentimos vulneráveis e corremos o risco de ser rejeitados. Mas sem autoaceitação, outro tipo de coragem, aquela que os heróis demonstram no cinema, parece irreal. Apesar do risco, a coragem de sermos honestos e sinceros abre-nos ao autoconhecimento. Dá-nos aquilo que queremos: a nossa promessa de amor.

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