domingo, 11 de março de 2012

A DANÇA DOS SONHOS POEMAS & REFLEXÕES PARTE VIII



CRIANÇA MÁGICA

A criança mágica sentiu uma pontada
Uma lembrança, uma recordação bem distante
Nas cores, nas formas, nos tons
Parecia um mistério que deixava uma leve pista
Por trás da brisa, da tempestade, do vento
Por baixo do manto, além do véu
Oculto e disfarçado
Uma força desconhecida
Sua música e sua cadência eram doces
Ela dançou alegre o seu ritmo alucinado
Ela não se importou com frio nem calor
No alto da montanha ficava o seu trono

Vieram estranhos e zombaram dela
Ridicularizam-na e criticam-na, tentaram destruí-la
O que era brincadeira para eles
Com tons cruéis, tentaram aniquilá-la
Sufocar e estrangular sua inocência
Lutando desesperada, apesar das zombarias
Mais uma vez tentaram abatê-la
Apesar dos ataques, não conseguiram derrubá-la
Mesmo com toda a fúria, não conseguiram roubar
O dom de amor divino que não podiam fingir
Desconhecendo sua força ou o que ela buscava
Gritaram e chamaram-na de esquisita

Mas a força misteriosa manteve-se firme
A criança mágica cresceu forte e corajosa
Mergulhando fundo em sua alma
Num êxtase luminoso, descobriu seu papel
Em seu Ser estava a visão infinita
Sua força misteriosa era a esperança humana
Atravessando a máscara do Ser
No silêncio transcendendo a visão
Havia um campo que vivia outra história
Um campo de poder, de infinita glória
Com outras crianças, cujas
Vagas mudariam o mundo

A criança mágica estava pronta para
Plantar sua semente, pegar a enxada
Sem esforço, sem lamento
Sem lágrimas, sem choro
Em perfeito silêncio
Levada por Deus
Para cantar como uma só raça
Virar a maré e fazer tudo mudar

Crianças mágicas, não se preocupem
Não demorem, o futuro é agora.


TU ME OUVES?

Quem sou eu?
Quem és tu?
De onde viemos?
Para onde vamos?
Para que tudo isso?
Sabes as respostas?

A imortalidade é meu jogo
Nasci da Felicidade
Da Felicidade me nutro
Para a Felicidade retornarei
Se não sabes disto agora
Deverias te envergonhar
Tu me ouves?

Este corpo
É um fluxo de energia
Dentro do tempo que corre
As eras passam, as eras vêm e vão
Eu apareço e desapareço
Brincando de esconde-esconde
Num piscar de olhos

Sou a partícula
Sou a onda
Girando na velocidade do raio
Sou a flutuação
Que segue à frente
Sou o Príncipe
Sou o Cavaleiro
Sou a ação
Do que está feito
Sou a galáxia, o vácuo do espaço
Na Via Láctea
Sou o cometa

Sou o pensador e o pensamento
Sou o que busca e o que é buscado
Sou o orvalho, o raio de sol e a tormenta
Sou o fenômeno, o campo e a forma
Sou o deserto, o oceano e o céu
Sou o ser primitivo
Que existe em mim e em ti

Consciência pura e ilimitada
Verdade, existência, sou a Felicidade
Em infinitas expressões, eu venho e vou
Brincando de esconde-esconde
Num piscar de olhos
Mas a imortalidade é meu jogo
As eras passam
Lá no fundo
Permaneço
Sempre o mesmo
Nasci da Felicidade
Da Felicidade me nutro

Dança comigo
Vem agora dançar comigo
Esquecer de ti mesmo
Nunca saberás como
Jogar este jogo
No mar da Eternidade

Deixa os desejos
Brinca agora
Não penses, não hesites
Tentando encontrar a resposta
Apenas cria... Apenas cria...

A imortalidade é meu jogo
Nasci da Felicidade
Da Felicidade me nutro
Para a Felicidade retornarei
Se não sabes disto agora
Deverias te envergonhar
Tu me ouves?

 
LIBERDADE

Toda essa histeria, toda essa comoção
Tempo, espaço, energia são apenas uma noção
Do que conceituamos, daquilo que criamos
De todos os que amamos, de todos aqueles que odiamos

Onde está o começo, onde está o fim?
A flecha do tempo é tão difícil de dobrar
Todas as promessas que fizemos e deixamos de cumprir
Todas as cartas de amor que deixamos de mandar


CHEGAR LÁ

Antes do início, antes da violência
Antes da angústia de quebrar o silêncio
Mil vontades nunca reveladas
Dores de tristezas brutalmente oprimidas

Mas escolhi romper com tudo e me libertar
Cortar as amarras, então, posso ver
Os laços que me prendem a lembranças de dor
Esses julgamentos que bloqueiam a minha mente

Essas horríveis e antigas feridas cicatrizaram
Em seu lugar surgiu uma nova vida
Aquela criança solitária, ainda agarrada ao brinquedo
Está em paz, descobriu a alegria

Onde não há tempo, a imortalidade impera
Onde habita o amor, não há temor
A criança cresceu para fazer sua magia
Abandonou
Sua trágica vida de tristeza

Agora ela está pronta para dividir
Pronta para amar, pronta para cuidar
Abrir o coração, sem nada perder
Junte-se a ela agora, se puder


O CÉU É AQUI

Nunca nos separamos
Isto é apenas uma ilusão
Das lentes mágicas da
Percepção

Há apenas uma Completude
Apenas uma Mente
Somos ondas
No vasto Oceano da Consciência

Venha, dancemos
A dança da criação
Celebremos
A alegria da vida

Os pássaros, as abelhas
As galáxias infinitas
Rios, montanhas
Nuvens e vales
Todos, um ritmo pulsante
Vivos, respirando
Cheios de energia cósmica
Repletos de vida, de alegria
Este é meu Universo

Não tenha medo
De saber quem é
Você é muito mais
Do que imaginou

É o Sol
É a Lua
É a flor do campo em botão
É o pulsar da vida
Que dança
De um grão de poeira
À estrela mais distante

E você e eu
Nunca nos separamos
Isto é apenas uma ilusão
Das lentes mágicas da
Percepção

Celebremos
A alegria da vida
Dancemos
A dança da criação
Curvando-nos sobre nós mesmos
Criamos
Várias vezes
Infinitos ciclos começam e terminam
Alegramo-nos
Na infinitude do tempo

Nunca houve um momento
Em que eu não existisse
Ou você não existisse
Jamais deixaremos de existir

Infinito           Ilimitado
No Oceano da Consciência
Somos ondas
No mar da felicidade

Você e eu nunca nos separamos
Isto é apenas uma ilusão
Das lentes mágicas da
Percepção

O Céu é aqui
Este, o momento de Eternidade
Não se engane
Exija sua Felicidade
Você já se perdeu
Mas agora está em casa
Num Universo não linear
Não é preciso ir a nenhum lugar
Daqui para ali
Há o ilimitado
Oceano da Consciência
Somos ondas
No mar da felicidade

Venha, dancemos
A dança da criação
Celebremos
A alegria da vida

E
Você e eu nunca nos separamos
Isto é apenas uma ilusão
Das lentes mágicas da
Percepção

O Céu é aqui
Este, o momento da Eternidade
Não se engane
Exija sua Felicidade


SALTO QUÂNTICO

Procurei-o por toda a parte
Procurei-o além da noite
Procurei-o em todos os cantos
Minha busca foi, por vezes, infrutífera
Mas onde eu procurasse, descobri
Que estava apenas andando em círculos
No vento e nas tempestades
Podia ouvi-lo em silêncio

Você surgia aonde eu fosse
Em todo sabor e perfume
Pensei que fossem delírios
Em cada vibração, senti sua dança
Em cada visão, descobri seu olhar
Você estava ali, quase ao acaso

Mesmo assim, falhei
Apesar disso, minha vida mudou
Lutei, em vão, com minhas dúvidas
Meus julgamentos eram lembranças de dor
Apenas agora, perdoando
Posso sentir seu calor
Não importa aonde eu vá
Vejo seu esplendor
Em cada peça, sou o ator
Em cada experiência, a eterna constância
Em cada acerto, cada conquista
Você estava ali, como uma semente
Agora sei, porque vi
O que teria feito ou acontecido
Não há por que se esforçar
Porque sua carta está na manga
De cada lance de sorte, da sua fama
O Reino está aqui para vivermos
Em cada chama, em cada lareira
Há uma centelha a gerar novas vidas

Para as canções que nunca cantamos
Todos os desejos dos corações ainda jovens
Além de tudo o que se diz, de tudo o que se vê
No íntimo do Ser
Há um campo que se estende até o infinito
O embrião da divindade é puro e ilimitado
Se pudéssemos SER por um momento
Num instante, veríamos
Um mundo sem sofrimento nem fadiga
De beleza selvagem intocada
De águas puras, céus límpidos
De montes e vales sem mortes

Esse jardim encantado, esse paraíso
Onde vivemos cheios de graça
Dentro de nós, no fundo
Naquele deserto, sob aquela montanha
Sob aquele monte de pesar e tristeza
Está a esplendorosa manhã
Se ainda tiver promessas a cumprir
Apenas mergulhe e salte no infinito.


A IMAGEM NO ESPELHO

Eu queria mudar o mundo, então, um belo dia, acordei e olhei no espelho. A imagem no espelho respondeu:
- Não resta muito tempo. A Terra está arcada de dor. Há crianças com fome. Os países estão divididos, cheios de desconfiança e ódio. Em todo lugar, a atmosfera e as águas estão poluídas. Faça algo por ela!
A imagem no espelho estava zangada e desesperada. Tudo parecia perdido, uma tragédia, um desastre. Achei que a imagem tinha razão. Eu também não me sentia mal pelo mesmo motivo? O planeta está sendo usado e desperdiçado. Imaginar a vida na Terra nas próximas gerações me dá pânico.
Logo encontrei pessoas boas, dispostas a resolver os problemas do planeta. Enquanto ouvia suas soluções, pensei: “Há tanta boa vontade aqui, tanta consideração”. À noite, antes de dormir, a imagem no espelho me olhou, com um ar sério:
- Agora vai dar certo – declarou. – Se todos fizerem a sua parte.
Mas ninguém fez o que deveria. Alguns, sim, mas, e os outros? A dor, a fome, a ira e a poluição seriam resolvidas? Não basta querer – eu sei disso. Quando acordei, na manhã seguinte, a imagem no espelho perecia atordoada.
- Talvez não haja saída... – sussurrou.
Então, ela me lançou um olhar maroto e deu de ombros:
- Mas eu e você vamos sobreviver. Ao menos, estamos fazendo a nossa parte.
Achei isso estranho. Algo estava errado. Comecei a desconfiar de algo que nunca havia suspeitado. E se a imagem no espelho não fosse eu? Ela vive separada. Ela vê problemas que precisam ser resolvidos “lá fora”. Talvez, sim, talvez, não. Ela sobreviverá. Mas não sinto o mesmo – esses problemas não estão “lá fora”, na verdade. Sinto-os dentro de mim. Uma criança que chora na Etiópia, uma gaivota que luta num derramamento de óleo, um gorila selvagem sendo impiedosamente caçado, um jovem soldado que treme de medo ao ouvir aviões sobrevoando: essas coisas não acontecem dentro de mim, quando as ouço ou leio sobre elas?
Depois, quando olhei no espelho, a imagem começou a se desfazer. Afinal, era apenas uma imagem. Mostrava-me uma pessoa solitária, num corpo bem formado.
- Um dia, achei que você fosse eu?
Comecei a pensar. Não sou tão alienado e medroso assim. A dor mexe comigo. Mas existe alegria. E deve haver uma cura. A vida cura a si mesma, e o máximo que posso fazer pela Terra é ser um filho amoroso.
A imagem no espelho ficou aborrecida. Ela não pensava isso do amor. Ver “problemas” era muito mais simples, pois o amor pede honestidade. Ai!
- Ah, meu amigo! – sussurrei-lhe. – Acredita que haja solução sem amor?
A imagem no espelho emudeceu. Sozinha por tanto tempo, sem ninguém em quem confiar ou acreditar nela, acabou se afastando da realidade.
- O amor é mais real do que a dor? – ela perguntou.
- Não posso garantir isso, mas deve ser. Vamos descobrir... – respondi.
Toquei o espelho e sorri.
- Não ficaremos mais sós. Quer dançar comigo? Estou ouvindo uma música. Venha!
A imagem no espelho sorriu, envergonhada. Descobriu que podíamos ser amigos. Podíamos ser mais pacíficos, amorosos e honestos um com o outro.
Isso mudaria o mundo? Acho que sim, porque a Mãe Terra quer que sejamos felizes e a amemos, atendendo as suas necessidades. Ela precisa de pessoas que tenham coragem, que emerge por fazermos parte dela, como a criança sente coragem para caminhar, porque sua mãe estende os braços para segurá-la. Quando a imagem no espelho sentir amor por mim e por ela mesma, não sentirá mais medo. Quando sentimos medo e entramos em pânico, deixamos de amar a vida e a Terra. Desconectamos de tudo. Como alguém pode ajudar a Terra, se estiver desconectado? Talvez a Terra esteja nos dizendo o que ela quer e, ao não ouvi-la, voltamos a sentir medo e pânico.
Sei de uma coisa: sentir-me filho da Terra faz com que eu não me sinta só. Não preciso me preocupar com a sobrevivência, se eu perceber que a vida está toda dentro de mim. As crianças e a dor delas; as crianças e a alegria delas. O mar reluzindo ao sol; o mar coberto de óleo. Animais temendo ser caçados; animais felizes por estarem vivos.
Quero continuar a sentir o “mundo dentro de mim”. A imagem no espelho, às vezes, duvida. Então, trato-a bem. Toda manhã, toco o espelho e sussurro:
- Olá, amigo, estou ouvindo uma música. Quer dançar comigo? Venha!


OLHE OUTRA VEZ, MINHA FOQUINHA

Uma das fotos da natureza mais tocantes é de um filhote de foca deitado no gelo. Tenho certeza de que já viu esta foto – os olhos negros e confiantes deste pequeno animal fitam profundamente a câmera a vão direto ao coração. Quando eu os vi pela primeira vez, eles me perguntaram:
- Você vai me machucar?
Eu sabia que a resposta seria sim, pois milhares de filhotes de foca são mortos todos os anos.
Muitos se sentiram tocados pelo desamparo desta foquinha. Fizeram doações para salvá-la, e a opinião pública começou a mudar. Quando olhei para a foto de novo, aqueles imensos olhos me disseram outra coisa. Agora, perguntavam:
- Você me conhece?
Desta vez, não senti a mesma mágoa diante da violência que o homem inflige aos animais. Mas percebi que ainda havia uma longa distância a ser percorrida. O que eu realmente sabia sobre a vida na Terra? Que responsabilidade eu tinha por criaturas fora do meu pequeno habitat? De que forma deveria conduzir a minha vida para que cada célula de matéria viva também se beneficiasse?
Todos que se preocupam com essas coisas, eu creio, deixaram de temer e passaram a encarar a vida de outro modo. A beleza e as maravilhas da existência tornaram-se pessoais; a chance de transformar o planeta num jardim onde todos possam crescer começou a surgir. Encarei a foquinha e, pela primeira vez, seus olhos sorriram:
- Obrigada! – eles disseram. – Você me deu esperança.
Isso é suficiente? Esperança é uma palavra tão bonita, mas, às vezes, parece frágil demais. Ainda se fere e se destrói a vida sem necessidade. A imagem de uma foquinha deitada no gelo ou de uma órfã de guerra ainda assusta por seu desamparo. Percebi que nada salvaria a vida no planeta, senão a confiança na própria vida, em seu poder de cura, na capacidade de superar os nossos erros, e de nos aceitar, depois de aprendermos a corrigi-los.
Pensando nisso, observei de novo a foto. O olhar da foca agora parecia mais profundo, e percebi algo que não vira antes: uma força inquebrantável.
- Você não me feriu – eles disseram. – Não sou apenas uma foquinha. Sou a vida, e a vida não pode ser eliminada. É a força que me trouxe do vácuo sideral; cuidou de mim e preservou minha vida contra todos os perigos. Sinto-me segura, porque eu sou essa força. Assim como você. Fique comigo, e sintamos a força da existência juntos, como uma única criatura sobre a Terra.
Foquinha, perdoe-nos. Continue vigiando o nosso caminho. Esses homens, que a sacrificam a marretadas, também são pais, filhos e irmãos que têm famílias, que eles amam e cuidam. Um dia, eles também a amarão. Tenha certeza e confie.


O SONHO CONTINUA...        

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