sexta-feira, 31 de agosto de 2012

NEGRITUDE DE MICHAEL JACKSON NO DOCUMENTÁRIO BAD 25


Spike Lee fez um filme de fã com "Bad 25", documentário que recupera a história do álbum lançado em 1987 por Michael Jackson, apresentado fora da competição na manhã desta sexta-feira (31) no Festival de Veneza 2012. O cineasta, que recebe o prêmio Jaeger-Le Coultre Glory to the Filmmaker nesta 69ª edição do festival, é conhecido pela afirmação da história e da cultura negra em longas-metragens como "Faça a Coisa Certa", "Malcolm X" e "Febre na Selva". Aqui não é diferente. Em "Bad 25", ele mostra como o artista era conectado às suas raízes na música e na cultura negra - de quebra, livrando-o das acusações de querer se tornar branco. Também tenta insinuar seu interesse por mulheres, seja com Tatiana Thumbzen, atriz do clipe de "The Way You Make Me Feel", ou Sheryl Crow, que foi sua backing vocal.

Na coletiva de imprensa no início da tarde - a única lotada até agora - Spike Lee disse que o documentário é uma "carta de amor a Michael Jackson". "Eu cresci com ele, nasci em 1957, Michael em 1958. Quando vi Michael Jackson com o Jackson 5 no 'Ed Sullivan Show', queria ser ele. Eu tinha um cabelo afro, o visual, mas meu canto e dança não me permitiam". "Além disso, o documentário me deu a chance de poder trabalhar com as pessoas que sempre acompanhei. Para mim, foi uma confirmação de quão duro Michael trabalhava. São professores em seus terrenos".

O mais marcante, para o diretor, foi quanto o cantor trabalhou. "Quando tinha 7 anos, ele estudava James Brow, Marvin Gaye, The Temptations. Como não usar essas coisas para impactar sua música? Por isso gostei que a proposta fosse ficar com a música e deixar o resto de lado", disse.

A escolha de "Bad 25" - que foi lançado exatamente 25 anos atrás, no dia 31 de agosto de 1987 - tem a ver com a efeméride e por sua importância na carreira de Michael Jackson. "Esse álbum seguiu 'Thriller', o mais vendido da história. Imaginem a pressão sobre Michael. Ele nunca ficava satisfeito, queria ser melhor, isso é um grande artista. Não fica estagnado nem se repete".

Segundo o cineasta, o cantor não se sentava simplesmente a criar, mas estudava os grandes artistas de outras áreas, como a fotografia e a dança, e o que aprendia com eles incorporava a seu trabalho. "Michael tinha um talento nato. Tocava muito bem piano e tinha habilidade para criar todos os aspectos de uma canção, embora não soubessem tocar todos os instrumentos", apontou.


Como vários entrevistados, Spike Lee contou o que estava fazendo no dia da morte de Michael Jackson. "Estava numa coletiva em Cannes quando comecei a receber ligações. Como muita gente, não acreditei", contou. "Voei de volta a Nova York e não vou mentir, me surpreendi como fiquei mal por um mês. Olhei meu iPod e vi que só tinha um álbum do Michael Jackson. Fui a uma Apple Store e comprei outro iPod. Pedi para colocarem todas as suas músicas, cada um dos seus singles. No ano seguinte minha família me odiou porque só tocava Michael Jackson, 24 horas por dia".

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