Leandro Lapagesse é o dono da maior coleção da América Latina de artigos relacionados ao Michael Jackson. Sua paixão rendeu até uma peça intitulada Michael e Eu.
Quando você se descobriu um verdadeiro fã de Michael?
Quando eu tinha cinco anos, meu irmão ganhou uma fita cassete do álbum Bad, que vai fazer 25 anos, e eu comecei a ouvir e gostei muito. Cinco anos depois, ele lançou a música Black Or White, do álbum Dangerous, lembro que o clipe passou no Fantástico, eu tinha uns 10 anos, e aí tudo mudou. Eu passei a colecionar tudo relacionado a Michael Jackson. Minha mãe foi minha grande incentivadora.
Por que você escolheu Michael Jackson como ídolo?
Eu estava começando a formar o meu caráter, começando a fazer minhas escolhas, ver o que é certo e errado. E aí eu via um cara falando que não importa se você é branco ou negro para ser amigo, não importa sua etnia, nem religião. Eu queria saber mais sobre aquele cara que estava passando aquela mensagem, que para mim, era tão forte e tão positiva. É óbvio que a genialidade musical dele também chamava muita atenção, mas o que me encantou mesmo e continua me encantando, foi o lado humanitário dele.
Você é dono da maior coleção da América Latina de artigos relacionados ao Michael. São quantas peças e quais as suas prediletas?
São mais de 300 CDs, mais de 100 discos de vinil, cerca de 30 bonecos, mais de 10 mil fotos, objetos e revistas. Nunca parei para contar. Cada peça tem o seu valor, representa um momento. Eu gosto bastante das miniaturas. Tenho muito carinho também por uma máscara que, na verdade, é um molde que foi usado para fazer a máscara do lobisomem do videoclipe de Thriller. É um molde de gesso que eu comprei na internet. Está lá em casa na parede e é uma peça muito importante e única.
Como foi para conseguir essa máscara?
Eu comprei essa peça antes da morte dele, juntei com uns amigos e conseguimos comprar pela internet. Mas antes da morte era mais fácil, depois ficou essa coisa de "todo mundo ama". Antes, essa máscara, só aqueles que eram os mais fãs queriam, desejavam muito ter. Hoje, se eu colocar na internet todo mundo vai querer.
Sua história de fã inspirou uma peça de teatro no ano passado. Como foi isso? Tem data para vir a Niterói?
Nunca imaginei isso... A peça é uma grande homenagem ao eterno Rei do Pop e mostra a história de um fã, inspirado em mim, que tem sua vida abalada pela morte do cantor. A peça ficou em cartaz no Rio, mas depois do carnaval pretendemos viajar e ir a Niterói também, mas ainda não sabemos quando.
Você chegou a ir a algum show dele? Teve a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente?
Não consegui ir a nenhum show... Para a última turnê, This Is It, comprei sete ingressos. Consegui o dinheiro de volta dos outros e guardei um. Quando ele veio para São Paulo eu era muito novo. Mas estive com ele em 1996, quando veio gravar o clipe no Morro Dona Marta. O encontrei no Forte de Copacabana quando ele estava pegando o helicóptero para ir ao Dona Marta. Ele passou em um carro aberto, cumprimentando todo mundo e eu consegui chegar perto e peguei uma bala que ele me deu. Mas não deu para falar com ele.
Qual é o seu álbum favorito?
É o Dangerous. Mas falando como produtor musical e avaliando a parte musical dos trabalhos do Michael, é incontestável a soberania de Thriller para o mundo e para a indústria musical.
Qual é a importância de Thriller?
Quando Thriller foi lançado, eu estava nascendo, então, pode-se dizer que eu nasci com ele. Em 1982, a indústria fonográfica estava em crise, tinha demissões em massa, não tinha capital e com o dinheiro que o álbum arrecadou, ajudou a reerguer tudo, recontratar funcionários e fazer a máquina girar novamente, então, a importância dele vai além da questão musical.
Não só musicalmente e industrialmente, Thriller também revolucionou o conceito de clipe. Como você vê isso?
Michael nem gostava de chamar de clipe, ele chamava de curta, porque tinha um roteiro, uma história com início, meio e fim. Além disso, esse álbum foi um marco para os negros. Billie Jean foi o primeiro videoclipe de um cantor negro a ser exibido na MTV. Na época, o Michael chegou a dar uma entrevista de 90 minutos para a apresentadora Oprah Winfrey, que é bastante conceituada e faz muito sucesso nos EUA.
Quais são suas músicas preferidas?
Eu adoro todas, mas posso dizer que gosto muito de Human Nature, The Girl Is Mine e Beat It. Beat It é uma das minhas prediletas. Tem uma levada mais rock, que marca a entrada de um cantor negro em um universo predominantemente de brancos, nos EUA. E pode tocar em qualquer lugar, para qualquer público, que ninguém fica parado, todo mundo conhece.
Após três anos da morte do Rei do Pop, como você revive essa paixão por Michael Jackson?
Acho que o mais importante é passar a história dele, os valores que ele pregava. Essas datas como os 30 anos de Thriller e os 25 anos de Bad são importantes para isso. Mas a gente, como fã, deve buscar passar o que ele era todos os dias e, por isso, continuo me dedicando. Ele foi um cara que viveu trabalhando e viveu pra isso, então, a gente não pode esquecer isso. Ele é um artista eterno, nós tivemos um privilégio de poder vê-lo em suas apresentações, seus clipes. Quantas crianças que dançam e imitam o Michael, hoje, não puderam ver o que a gente viu? Então é assim que eu me sinto: um privilegiado por ter vivido e visto tudo isso.